terça-feira, 10 de agosto de 2010

Impulsionar visibilidade e divulgar os faróis

Melhorar a exposição permanente sobre a história dos faróis na Região, que se encontra patente ao público no Farol da Ponta do Pargo, e impulsionar a visibilidade deste espaço, como uma forma de divulgação do património constituído por estas infra-estruturas, é a intenção do comandante da Zona Marítima da Madeira (ZMM).
Numa deslocação ao Farol da Ponta do Pargo, onde a nossa equipa de reportagem recebeu explicações sobre o funcionamento destas infra-estruturas e efectuou uma visita guiada ao edifício e à exposição, Pedro Amaral Frazão manifestou o desejo de fazer um “facelift” à exposição, dado que algum material já começa a acusar um pouco o tempo. Em causa estão não tanto o espólio e as fotografias existentes, mas pormenores como a iluminação e a estrutura expositiva, assim como disponibilizar em mais línguas (nomeadamente inglês e alemão) as informações que actualmente se encontram apenas em português. Esta é uma intervenção que se revela importante, tendo em conta o número de pessoas que visitam a mostra (o mês passado registaram-se 260 visitantes).
O responsável sublinha que esta exposição é importante não só em termos turísticos, como também educacionais. «Para as crianças que estão em idade escolar, julgo que é importante virem cá, porque ao percorrerem esta exposição ficam com uma ideia daquilo para que serve o farol» e sobre as infra-estruturas existentes na Região, as quais, para além de serem um património nacional, pela sua localização devem também ser interpretadas como um património regional. Na sua opinião, «nada melhor do que ter as novas gerações para difundir aquilo para que servem os faróis».
Como tal, Amaral Frazão manifesta a disponibilidade da Marinha para receber a visita das escolas a este local. «É isso que eu gostaria que acontecesse, impulsionar a visibilidade deste espaço, porque julgo que é importante sensibilizar as camadas mais jovens» e «é importante a juventude perceber para que servem os faróis e, sobretudo, «perceber que a segurança de quem anda no mar hoje não se resume à utilização do GPS», defendeu.
Por outro lado, o comandante da ZMM frisa a necessidade de melhorar este espaço expositivo tendo também em conta os investimentos que estão a ser feitos naquela zona da ilha. «Aqui a paredes meias com o farol está a ser feito o campo de golfe. Isto suscita, no meu entendimento, a disponibilidade de virem mais turistas a esta zona e, obviamente que, estando próximos, intuitivamente terão a curiosidade de vir ver o farol», referiu.
Pedro Amaral Frazão reafirma a sua intenção, por entender que há vantagens nisso. «Se nós melhorarmos a exposição, de certeza que o público fica mais bem servido e, o público ficando mais bem servido, a Região fica também», sublinhou, acrescentando que «do ponto de vista do turismo, este se calhar é um contributo modesto, mas pelo menos bem intencionado daquilo que à Marinha compete». Adiantou ainda que acima de tudo é o sentido de que a utilidade desta infra-estrutura pode e dever ser potenciada.
O responsável está à procura de parcerias com este intuito e diz-se convencido que «com alguma boa vontade e as parcerias certas, será possível concretizar» este desiderato.
Ainda sem querer adiantar grandes pormenores em relação a estes contactos, o nosso interlocutor referiu apenas que já fez consultas superficiais com uma entidade neste sentido e disse que «este é um assunto que tenho para começar a desenvolver agora a partir do último trimestre deste ano»
A exposição está patente ao público das 09h30 às 12h00 e das 14h00 às 16h00, gratuitamente.

Faroleiros necessários apesar da autonomização

Na Região existem quatro faróis e oito farolins. Os faróis estão situados respectivamente na Ponta do Pargo, São Jorge, Ponta de São Lourenço e Ilhéu de Cima, no Porto Santo.
Apesar da autonomização das infra-estruturas no que concerne ao processo de ligar e desligar (funcionam com sensores de luminosidade, painéis solares e baterias), em dois destes faróis, nomeadamente no da Ponta do Pargo e no de São Jorge, existem ainda faroleiros permanentemente. No total, existem nove faroleiros na Região. Destes, quatro estão permanentemente na Ponta do Pargo e três em São Jorge. Outros dois compõem a equipa de balizagem.
Tendo em conta a referida mecanização, questionado sobre esta profissão, o comandante da ZMM considera que a «necessidade dos faroleiros tem de ser vista com algum cuidado», porque, «se bem que esta capacidade de autonomia nos faróis exista do ponto de vista das suas condições de operação, nós não podemos nunca deixar de ter uma capacidade de intervenção em termos de reparações ou em termos preventivos».
Por isso, Amaral Frazão explica que esta gestão dos recursos é a mais adequada. A existência de faroleiros residentes em São Jorge e na Ponta do Pargo prende-se com o facto de serem mais acessíveis. «Se houver necessidade de uma primeira intervenção, ele já lá está. Isso é já uma vantagem competitiva em relação aos outros que não têm faroleiro e que demorará tempo a verificar o que se passa», adianta o responsável. Ou seja, no caso de haver alguma avaria, nestes dois faróis a intervenção é imediata, ao passo que nos restantes é necessário preparar uma deslocação aos mesmos.
Por outro lado, esta permanência deve-se ao facto de estes faróis estarem mais acessíveis e permeáveis a eventuais utilizações abusivas - embora não haja registo dessas situações -, mas também porque na Ponta do Pargo há a exposição permanente.
De referir ainda que a acção dos faroleiros não se cinge à reparação de possíveis avarias. Fazem igualmente uma manutenção preventiva, que não se limita ao farol propriamente dito, mas a todo o edifício. O nosso interlocutor refere que a polivalência destes homens «é utilizada na sua máxima extensão», desempenhando estes as mais diversas funções, tais como electricistas, mecânicos, pedreiros, carpinteiros, pintores, etc. Enquanto que nos faróis onde há residentes esta manutenção é contínua, nos outros é necessário planear uma deslocação com esse intuito.

Contacto com os faróis determinou profissão

Manuel Viveiros já é faroleiro há 28 anos. Iniciou funções em 1982. Actualmente, é um dos faroleiros permanentes no Farol da Ponta do Pargo.
O contacto com os faróis desde novo determinou a escolha desta profissão. Segundo relata, os seus familiares, em Machico, faziam o transporte de material para o Farol da Ponta de São Lourenço. A partir daí, optou por enveredar por este caminho.
Na Ponta do Pargo, onde se encontra, faz, juntamente com os colegas, a manutenção diária do farol, a reparação de avarias que surjam, o atendimento aos visitantes (dado que a exposição sobre os faróis está patente ao público nesta infra-estrutura) e a manutenção do próprio edifício. Tal como refere, «tudo o que está no farol para fazer, somos nós que fazemos».
Além deste, Manuel Viveiros adianta que vai muitas vezes reparar outros faróis e também farolins. Está, portanto, habituado a fazer algumas deslocações. Às Selvagens, por exemplo, já foi várias vezes.

Curiosidades sobre os faróis

Os faróis são elos de ligação entre a terra e o mar. São companheiros luminosos de marinheiros, navegadores e pescadores, estando normalmente associados à ideia de que “ali há terra”.

O termo farol deriva da palavra grega “Faros”, nome da ilha grega próxima de Alexandria, onde, no ano 280 a.c., foi erguido o Farol de Alexandria.

Na Região operam permanentemente quatro faróis e oito farolins.

O Farol da Ponta do Pargo foi estabelecido a 5 de Junho de 1922. Já o de São Jorge foi estabelecido a 12 de Abril de 1959.

Os farolins existentes nas Ilhas Selvagens começaram a funcionar em Junho de 1977.

As luzes emitidas pelos faróis são de diversos tipos: Fixa (luz contínua com intensidade e cor constantes); ocultações (a duração da luz é maior que a duração da obscuridade); isofásica (a duração da luz e da obscuridade são iguais); relâmpagos (a duração da luz é menor que a obscuridade); cintilante (a duração da luz e da obscuridade são iguais, mas com relâmpagos muito rápidos); e a alternada (apresenta alternadamente cores diferentes).

Os faróis emitem luzes de cores diferentes. O branco é a cor mais utilizada, na luz dos faróis. O vermelho é a cor utilizada em faróis na entrada de barras, canais, rios, portos e docas, indicando que a embarcação tem de dar bombordo à luz. Por seu turno, o verde é a cor utilizada em faróis na entrada de barras, canais, rios, portos e docas, indicando que a embarcação tem de dar estibordo à luz.

O alcance da luz dos faróis varia de acordo com vários factores, tais como a potência do aparelho óptico e a localização do observador. É expresso de três formas diferentes, nomeadamente o alcance geográfico, o alcance luminoso e o alcance nominal.

Os faróis têm como finalidade primária garantir a segurança dos navegantes. Tal como explica Amaral Frazão, «à noite, o farol não se destina a iluminar a superfície do mar, para que as pessoas tenham o caminho iluminado, como se de uma auto-estrada se tratasse». Consoante o tipo de luzes, a sua cadência, a sua cor, o navegante pode identificar de que farol se trata. A luz é utilizada para permitir ao navegante tirar uma linha de posição.

Texto e Foto: JM/Ricardo Caldeira

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