sábado, 4 de outubro de 2008

Os comissários de estrada


São os primeiros a chegar, os últimos a partir, e o bom ou o mau resultado da organização de qualquer rali está muitas vezes dependente destes homens e mulheres, os comissários de estrada, voluntários apaixonados, que se formam em grupos muito unidos, dos quais resultam, inclusive, casamentos.

Os comissários de estrada, que usam um vestuário claramente identificado com a palavra 'segurança', em coletes cor de laranja, são os 'olhos' das direcções de prova, que têm a fulcral missão de garantir a segurança do público durante as provas especiais de classificação, ajudando a controlar o ímpeto dos mais fervorosos espectadores, daqueles que (ainda) insistem em ver os ralis em zonas perigosas, colocando em causa uma inteira organização e o futuro de qualquer prova.

Costuma-se dizer que por morrer uma andorinha não morre a Primavera, mas nos ralis basta a acção errada ou irreflectida de um para colocar em causa o trabalho de todos. Os comissários de estrada estão lá para evitar esse tipo de abusos, frequentes, ainda que destaquem que o povo madeirense é normalmente muito bem comportado. Será?

O sucesso do Rali Vinho Madeira depende e muito destes 'olheiros', que desta vez serão cerca de 310 , liderados por Luís Gabriel, coordenador da vasta equipa. "São elementos de segurança que têm a missão de dar o apoio às organizações dos ralis, colocando o público nos devidos lugares, controlando e informando a direcção de prova de qualquer anomalia que possa colocar em causa a segurança da especial de classificação. São, enfim, os olhos da organização na estrada", começou por informar o coordenador.

Têm sido muitas as horas e noites perdidas por Luís Gabriel... porque nada pode falhar. E como nunca é demais recordar as normas de procedimento, relembrar determinados aspectos fundamentais, o ex-presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz insiste no conhecimento das regras. "Eles são responsáveis pela prestação de um serviço que é fundamental, por isso temos de estar coesos e ter boa formação", destacou Luís Gabriel, que fez questão de valorizar o papel dos líderes dos grupos organizados - Porto da Cruz, Santana, Caniço, Ponta do Pargo e Funchal - que vão arranjando colaboradores, a quem é dada formação e nos dias das provas uma pequena gratificação, em senhas de alimentação e combustível. "É acima de tudo um trabalho de boa vontade e colaboração, para o qual é necessário uma lógica vocação, para além de ser quase obrigatório gostar de ralis", destacou Luís Gabriel, destacando a estreita ligação com os responsáveis dos grupos organizados. "São eles os responsáveis por toda a dinâmica e logística", valorizou.

Os comissários de estrada são um género de família. Os grupos organizados são formados por diversas pessoas, nos quais nasceram muitas e naturais amizades, pelo facto de partilharem o mesmo 'hobbie'. "Não é um trabalho fácil, são várias horas consecutivas, por vezes ao sol, à chuva, ao vento, muitas das vezes colocados em lugares isolados e distantes. Não é, portanto, uma tarefa para todos, por isso é preciso um espírito de sacrifício e gosto pelos ralis", destacou Luís Gabriel.

Os 'olhos' das organizações nas estradas nem sempre são bem 'recebidos' pelos espectadores, pois impedem-nos de se colocarem em zonas proibidas, sobretudo quando são influenciados por elevadas taxas de alcoolismo, famosas em qualquer rali. Contudo, no entender e Luís Gabriel "o público madeirense vem colaborando e tem melhorado o seu comportamento com os anos". "Logicamente toda a regra tem excepção, mas continuamos a contar com a ajuda do público, na boa colocação das pessoas e com respeito pelos comissários de estrada", frisou.

Como foi referido anteriormente, basta uma infelicidade para deitar tudo a perder. Luís Gabriel concorda mas está novamente esperançado que tudo correrá pelo melhor. "Mas há que saber sempre respeitar as regras de segurança", avisa. "Contamos com a disciplina e responsabilidade do público. Os ralis são uma festa mas as pessoas têm de perceber que precisamos que sejam os nossos principais colaboradores na estrada", acrescentou.

Luís Gabriel iniciou actividade em 2000, primeiro colaborando com as organizações do 100 à Hora, ultimamente com o Rali Vinho Madeira. Acabou por ser o impulsionador do grupo da Ponta do Pargo, quando se lembrou de desafiar o presidente da colectividade local, Gilberto Garrido, a formar um grupo de comissários de estrada. "Tínhamos dificuldades na deslocação de comissários de estrada do Funchal até à Ponta do Pargo e então desafiei ao professor Garrido, que depois arranjou um colaborador, o João Paulo, que arrancou com um grupo de comissários locais, hoje é liderado pelo José Manuel Jardim", contou.

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