segunda-feira, 16 de junho de 2008

ARTIGOS DE OPINIÃO

A nossa redacção recebeu esta manhã um texto muito interessante sobre a Ponta do Pargo que se encontra neste site: http://www.sobrevoando.net/2004/17-a-ilha-imaculada/:
Pedimos desculpa pelos erros existentes.

"Artigos de Opinião

Este texto é um elogio à Ponta do Pargo. Um elogio à ilha que ainda não se deixou deslumbrar pelo progresso que, em parte, tem descaracterizado a sua paisagem única. Ali podemos ainda encontrar, intocada, uma estrutura rural com o antigo caminho real que se cola ao terreno e os caminhos dos lombos que o cruzam em direcção ao mar e dão o acesso ao conjunto de casas dispersas pelas encostas. Aqui, como no resto da ilha, a agricultura deixou de ter o peso que tinha outrora e a paisagem revela-se abandonada. O casario, ainda incólume na sua grande parte, é ocupado pelos resistentes que ainda não abandonaram a sua terra, os forasteiros que vão recuperando algumas casas, e as ruínas, abandonadas mas integras, que nos deixam ler a sabedoria com que o povo soube construir na paisagem da Madeira.
Sabemos que em breve tudo irá mudar. O desenvolvimento que a Madeira assistiu nos últimos anos dotou a ilha de uma série de infra estruturas que têm contribuído para uma melhor qualidade de vida das populações, nomeadamente as infra estruturas viárias. Discutível será a forma como tudo isto tem vindo a tomar conta do território. A forma pouco cuidada como foram implementadas, a notória pressa com que foram projectadas e executadas e a falta de planeamento que não preparou os sítios para receber todas essas infra-estruturas, dando origem à destruição de uma boa parte da paisagem e ao nascimento de novas zonas urbanas mais ou menos caóticas. À parte destes aspectos negativos, é sabido que as novas vias de comunicação aproximaram as várias localidades e tornaram mais apetecíveis sítios antes esquecidos. A Ponta do Pargo é ainda um desses sítios que vale a pena e será uma pena perdê-la para o contingente de sítios da Madeira que têm vindo a perder o seu carácter e beleza. Não se quer dizer com isto que o seu futuro desejável seja o de um total imobilismo e abandono, para os de fora virem admirar as suas ruinas e a beleza de um campo abandonado. Não é também uma vontade nostálgica de voltar tudo à estaca zero em que a sua população não possa disfrutar do conforto que o resto da ilha tem. Não. A Ponta do Pargo tem ainda a beleza natural de uma paisagem humanizada que vale a pena valorizar. Para isso seria desejável e urgente que este sítio não fosse deixado ao acaso e à vontade dos investidores imobiliários, ou outros, que em breve poderão deitar tudo a perder. Neste sentido é preciso criar regras de ocupação do território especificas (o PDM não é suficiente), para que as construções que naturalmente virão a aparecer, ou as recuperações que concerteza vão continuar a acontecer, não destruam a escala deixada pelas actuais casas tradicionais, respeitem a tradição sem deixar de afirmar a sua contemporâneidade e que, a ser necessário edificar conjunto habitacionais, estes deêm lugar a espaços urbanos com qualidade de vida e em harmonia, nos sítios certos e não espalhados pela paisagem como temos observado noutros sítios.
Tenho a certeza que assim, se os homens da terra quiserem, a Ponta do Pargo poderá no futuro fazer a diferença.
Funchal, 23 de Setembro de 2004
Luís Vilhena "

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