terça-feira, 10 de novembro de 2009

Campo de golfe da Ponta do Pargo custará 40 milhões que não estão garantidos


A Sociedade de Desenvolvimento Ponta Oeste já decidiu e o consórcio constituído pela Somague e Zagope vai garantir a construção do Campo de Golfe da Ponta do Pargo. Nos termos do contrato, que foi publicado no Diário da República, a obra foi entregue por 16,4 milhões de euros, um valor inferior em 1,1 milhões ao preço base.

Tal como temos vindo a noticiar, a construção do novo campo de golfe será desenvolvida numa área de terreno com 100 hectares, que foi adquirida pela 'Ponta Oeste' por cerca de 20 milhões de euros.

Com uma área com um milhão de metros quadros, o desenho concebido por Nick Faldo concebe a implantação de 18 buracos, um pitch & putt com outros 9 buracos, 'driving rang' e um clube house.

De acordo com a informação recolhida, o arranque das obras está dependente do financiamento, já que os bancos apertaram os critérios de avaliação dos riscos e como tal não estão disponíveis para garantir a operação nos termos em que ela foi inicialmente desenhada.

O DIÁRIO sabe que a 'Ponta Oeste' encomendou um estudo de viabilidade económica a um dos mais prestigiados bancos portugueses, que concluiu que o negócio tem viabilidade, desde que associado a uma componente hoteleira e de imobiliária.

Deste modo, a 'sociedade' vai afectar parte do terreno - 80% do terreno será usado para implantar a área de jogo - à construção de um hotel, bem como de imobiliária-turística de luxo.

Segundo apuramos, esta 2.ª fase do projecto deverá ser desenvolvida de acordo com o interesse privado, depois de realizado um concurso público. Ou seja, a construção da componente hoteleira e imobiliária será feita por capitais privados, a troco de vantagens financeiras para o dono do terreno, a 'Ponta Oeste'.

Considerado como um investimento estruturante na qualificação do produto turístico que a Madeira vende, já que com quatro campos de golfe os operadores especializados poderão apostar numa operação para a Madeira tendo em vista o turismo de golfe, a construção do Campo de Golfe da Ponta do Pargo deverá iniciar-se no primeiro trimestre do próximo ano, tendo as empresas que executar a obra em 17 meses.

Acrescente-se que a Sociedade de Desenvolvimento Ponta Oeste ainda não garantiu o financiamento, estando a negociar um empréstimo junto de quatro bancos nacionais, que tendo como garantia os 100 hectares adquiridos pela Ponta Oeste, bem como as perspectivas de um negócio imobiliária e hoteleiro, deverão viabilizar a operação.

Impactos grandes

O golfe é actualmente um dos 10 produtos prioritários a desenvolver a nível turístico em Portugal, até 2015, gerando receitas de cerca de 1,8 mil milhões de euros por ano, mobilizando cerca de 300 mil jogadores por ano, 1,4 milhões de voltas e 1,1 milhões de dormidas. O golfe é um dos mercados com grande potencial - mobiliza mais de um milhão de turistas europeus por ano - e tem um gasto médio elevado de cerca de 260 euros por dia e por pessoa.

Decisão polémica: Cunha e Silva dispensa risco e investimento privado

A opção da vice-presidência do Governo Regional em construir um campo de Golfe na Ponta do Pargo é muito polémica. Porque havia no passado um grupo de empresários que se mostraram interessados em viabilizar a construção do campo, dispensando o esforço público - a Sociedade Desenvolvimento Porto Oeste é uma sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos - num investimento que poderá ser superior a 40 milhões de euros.

Com Avelino Farinha, António e Norberto Henriques, bem como Emanuel Jardim (já falecido), interessados em viabilizar o projecto, a escolha inicial dos Prazeres mostrou-se sempre muito polémica, levando a discussões sobre a oportunidade de um investimento em áreas com implantação urbana, o que obrigaria à deslocalização de algumas famílias.

Com a chegada ao governo de Cunha e Silva, em 2000, o vice-presidente decidiu dispensar o esforço e o risco privado - os empresários chegaram a comprar 150 mil metros quadrados de terreno nos Prazeres - numa decisão que surpreendeu os empresários, já que numa situação económica difícil, em que os indicadores económicos das sociedades de desenvolvimento revelam que estas assumiram encargos que não têm recursos para honrar, a participação dos investidores privados afigura-se determinante. Para esta decisão terá contribuído uma discordância quanto à localização do campo, bem como eventuais benefícios que fossem dados aos empresários para desenvolver a componente imobiliária, para além de alguma dificuldade na aquisição os terrenos.

FONTE: DN

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