segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Negócio foi fraco para produtores e feirantes que se deslocaram à Ponta do Pargo



"Isto [Festa do Pêro] havia de ser no início do mês, quando se recebe a reforma". A sugestão é de Cristina Valente, uma das agricultoras presentes no certame da Ponta do Pargo, que lamentou o fraco negócio. "Este ano está pior. Vêm, olham e vão-se embora. Não compram quase nada".

Apesar de ainda ser o início da tarde - cerca das 13h30 - e de algumas centenas de pessoas 'colorirem' o certame ao deambularem pelas ruas junto à igreja, o desânimo estava já estampado nos rostos da maioria dos que ali procuravam vender os seus produtos, onde afinal o pêro não era 'rei'. Serve apenas de pretexto para a festa e para mobilizar os agricultores a (tentar) escoar os produtos da terra. "Já pus mais barato, mas mesmo assim..." lamentou a dona do espaço, proveniente da Raposeira.

A pouca distância, Maria José Sousa também se queixava. "Isto está fraco. Está mal para todos", disse resignada.

Nos 'comes e bebes' a coisa não ia melhor. Manuel Costa apostou em levar "cento e tal quilos" de carne. "Isto está pior", assegurou. Ainda assim tinha esperança de vender "metade [em relação] ao ano passado".

Pior ainda estava o cenário junto dos feirantes de bijutarias, roupas e afins. Desviados do 'centro das atenções', Manuel Lustriano era o espelho do desalento. Sentado e cabisbaixo, junto da sua banca, apenas confirmou aquilo que (não) se via. "Quase ninguém pára aqui. Está muito fraco".

De resto viram-se mais pêros à espera de compradores ao longo da berma da Estrada Regional, do que propriamente no centro da freguesia, no 'epicentro' da Festa dita do Pêro.

Os derivados do fruto foi também uma das apostas para tentar escoar o produto, enquanto a animação acabou por ser 'o prato forte' do evento.

Festa do Pêro vai mudar de data

Nas 'bodas de prata' da Festa do Pêro, ficou o anúncio de que este certame, que é um dos maiores cartazes da freguesia da Ponta do Pargo, não pode preceder a Festa da Sidra, que já se realizou no fim-de-semana anterior.

"Está aqui qualquer coisa de errado", apontou Alberto João Jardim. "A semana passada fez-se a Festa da Sidra no Santo da Serra e agora é que se está fazendo a do Pêro! Quer dizer, pegou-se na sidra e voltou a ser pêro? Não pode ser. Tem de ser primeiro a Festa do Pêro e depois a Festa da Sidra, senão isto não tem sentido nenhum", explicou.

Na qualidade de presidente do Governo Regional, o discurso de Alberto João Jardim foi curto. "Já adivinham aquilo que eu queria dizer mas que na Democracia portuguesa estou proibido de dizer", disse, rematando: "as pessoas são inteligentes porque já me percebem".

Por último lançou uma 'farpa' com ironia. "Eles em Lisboa é que pensam que a gente não percebe. A gente não percebe é o que vai por detrás daquilo por lá", disse, concluindo: "Isto não tem segundo sentido, o que vai por detrás daquilo".


Fonte: DN/Orlando Drumond

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