terça-feira, 19 de maio de 2009

"Era bom que aparecesse mais" à Ponta do concelho

Na Ponta do Pargo o presidente da Junta garante haver boas relações com a Câmara da Calheta, mas reconhece que elas não passam muito por Manuel Baeta. João Guilhermino explica que a Junta lida mais com os vereadores, consoante o assunto em questão. Mas, questionado directamente se não gostaria de ver mais o presidente da Câmara pelo Oeste do concelho, em particular na sua freguesia, o responsável da Junta é claro: "Era bom. Eu acho que sim. Era bom que aparecesse mais".

No entanto, a Ponta do Pargo tem apoios camarários semelhantes aos das outras freguesias. A Câmara da Calheta não dá apoio financeiro, apenas ajudas materiais. Por isso, financeiramente a freguesia vive apenas do que recebe do Fundo de Financiamento de Freguesias, directamente do Estado.

A limitação não permite a instituição fazer mais do que já faz, garante o presidente. Mas gostaria de poder, essencialmente no que respeita a pequenas obras e à ajuda directa às pessoas. Esta é pequena, mas cada vez mais procurada. João Guilhermino diz haver gente à espera que a Junta tenha disponibilidade financeira para as ajudar. Agora são apoiadas umas pessoas, em breve serão outras, garante.

É uma freguesia onde crescem as dificuldades. Estruturalmente devido ao envelhecimento das populações e conjunturalmente devido "à crise", como já vai sendo moda dizer-se. A verdade é que muitas pessoas têm sido lançadas no desemprego e a Junta de Freguesia é uma das entidades a que recorrem.

Continuidade por decidir

O presidente da Junta ainda não sabe se vai continuar no cargo que ocupa há dois mandatos. João Guilhermino vem do PP, por quem se candidatou à Ponta do Pargo, mas esse não é assunto que venha à conversa. Do que se fala é do futuro. Sobre isso, o autarca diz não haver convite por parte do partido, nem reflexão da sua parte, mas admite que "não há impedimento" legal, a que se volte a candidatar.

À abertura para a continuidade não será alheio o bom relacionamento que há com a oposição. Facto confirmado pelo presidente e por Manuel Gouveia, seu principal adversário nas autárquicas de 2005.

Como nota João Guilhermino, "uma cabeça só não pensa tudo". Daí a atenção dada aos seus adversários políticos, de quem recebe e a quem dá sugestões, num entendimento "a favor da freguesia", garante.

Já Manuel Gouveia não é tão entusiasta quando fala do entendimento. Confirma as boas relações, mas só "às vezes" é que as suas sugestões são aceites pela maioria laranja. É, ainda assim, o próprio que reconhece que não são aceites outras por a Junta, muitas vezes, não ter disponibilidade financeira para as acolher.

Via expresso e golfe

São as duas infra-estruturas mais desejadas pelas partes políticas e pelo povo na rua, apesar de alguns receios.

Tanto João Guilhermino como Manuel Gouveia anseiam pela chegada da via expresso. Algo prometido para o próximo ano. O desejo de infra-estruturas da responsabilidade pública alarga-se ao anunciado campo de golfe.

Os dois investimentos são vistos com benéficos ao futuro da freguesia, essencialmente pelo emprego que poderão promover. O primeiro por levar mais gente à Ponta do Pargo, o segundo pela criação directa de postos de trabalho.

Ainda assim, há quem receie um incremento do crime. Pois a estrada que serve quem beneficia a freguesia também serve os mal-intencionados. Mas o presidente da Junta acredita que os benefícios suplantarão em muito os malefícios.

Bomba de gasolina

Outro dos investimento generalizadamente pedidos é da responsabilidade de privados. Uma bomba de gasolina faz falta. As mais próximas estão na Calheta e no Porto Moniz.

Às vezes os turistas mais desprevenidos param para perguntar onde abastecer, mas não têm alternativa senão tentar chegar a um dos dois locais referidos. O problema maior é de quem tem de sair da freguesia de propósito para ir abastecer o automóvel.

A situação deverá mudar se se confirmar a construção de um posto de abastecimento na freguesia vizinha da Fajã da Ovelha. Deverá ser junto à via expresso.

Junta já foi do CDS/PP

Na freguesia da Ponta do Pargo é um dos locais onde o PSD parece ter seguido a velha máxima: 'Se não os podes vencer, junta-te a eles'.

A freguesia é uma das que, em todo o concelho da Calheta, já foram governadas pelo CDS/PP. Em 1997 os 'populares' obtiveram 48,4 por cento dos votos, contra 47,6 alcançados pelo PSD. Uma diferença de apenas seis votos que deu a governação da autarquia aos 'populares'.

Em 2001, o PP concorreu coligado com o PS e perdeu o que havia conquistado quatro anos antes. A vitória, com 52,2 por cento dos votos, sorriu ao PSD que apresentou o actual presidente da Junta. Mas, também ele, proveniente do PP.

Em 2005, a vitória repetiu-se já com uma maioria um pouco menor. Os 390 votos de 2001 passaram para 360 em 2005.

A freguesia é pouco habitada. Em 2001 foram contabilizados 1.145 residentes. Nas eleições de 2005 estavam inscritos nos cadernos eleitorais 1.113 eleitores. No final de 2008 esse número ascendia a 1.281. Uma subida explicada, como em quase todas as outras freguesias, pelo recenseamento automático, em vigor desde o ano passado.

De 1976 a 1993 as vitórias foram invariavelmente dos social-democratas, com o resultado mais elevado, 71,1 por cento, a ser alcançado duas vezes, em 1979 e 1985.

Quanto ao futuro, o duelo entre João Guilhermino e Manuel Gouveia é incerto. Se o presidente da Junta lembra não haver impedimento legal à sua recandidatura, o eleito do PP diz que "talvez não" se candidate. Mas ainda há reuniões... Como avalia a acção da Junta?

Ermelinda Alves

O senhor é muito bom. Vejo muitos caminhos que estavam arrebentados e ele ajudou a arranjar. E atende muito bem a gente. Não tenho razão de queixa.

Cirilo Gouveia

Temos um bom presidente. Não pode é fazer aquilo que quer fazer, não tem meios.

Maria Sousa

Para mim está tudo bom. Também nunca precisei, agora quem precisou e não foi servido isso já é outra conversa. Eu cá para mim não tenho razão de queixa.

Fonte: DN

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