quinta-feira, 9 de abril de 2009

QUINTA-FEIRA SANTA



A Quinta-feira Santa corresponde ao último dia da Quaresma e nos introduz no Tríduo Pascal. Esse dia nos prepara finalmente para a Páscoa, iniciando a celebração pascal.
Assim como Jesus enviou seus discípulos, dando uma ordem: “Ide preparar-nos a Páscoa para comermos” (Lc 22,8), também, nesse dia, nos preparamos para a celebração da Páscoa. Devemos nos preparar espiritualmente neste dia que nos introduz no mistério pascal de Cristo.
Na Quinta-feira Santa, celebram-se duas missas: uma delas ocorre na catedral, é a conhecida missa dos santos óleos, onde se procede a bênção do óleo do batismo e dos enfermos e a consagração do óleo do crisma; é também uma missa que evoca a unidade da Igreja em torno do Bispo e do Papa. Sacerdotes de demonstração de unidade. É a Igreja, corpo de Cristo, onde Cristo é a cabeça. A outra missa ocorre nas paróquias e ordens religiosas da diocese, é a missa da Ceia do Senhor; quando Jesus, na primeira Quinta-feira Santa, instituiu a Eucaristia e também instituiu o sacerdócio. Portanto, além da celebração da Ceia do Senhor, também se dá destaque ao tema do sacerdócio, pois ambos os temas estão forte e intimamente ligados.
Na missa da manhã, missa do crisma ou dos santos óleos, que ocorre exclusivamente nas catedrais, o bispo diocesano é o presidente da celebração e também o consagrador dos óleos. Como já se mencionou acima, temos o povo de Deus reunido junto ao bispo, presbíteros, diáconos e seminaristas numa participação ativa em torno da mesa eucarística, todos juntos, numa única oração, junto do altar como sinal de unidade da Igreja. Na pessoa do bispo, cabeça da Igreja local, rodeado pelos presbíteros e representantes das ordens religiosas, temos a concelebração da Eucaristia na unidade e na fraternidade. A participação do povo de Deus nessa missa é de grande importância pois, a Igreja fica incompleta sem a presença dos leigos e leigas. Aqui também se expressa a manifestação da Igreja hierárquica. Em estreita proximidade da Páscoa do Senhor, os óleos do batismo (ou dos catecúmenos) e dos enfermos são abençoados solenemente, estes, depois serão usados nos sacramentos do Batismo e Unção dos Enfermos, respectivamente. O óleo do crisma é consagrado. A ele se adiciona uma essência perfumada, pois o cristão, pelo sacramento da Crisma, ao receber esse óleo na fronte, deve exalar o perfume de Cristo pelo seu testemunho de vida e seguimento do Evangelho. O óleo do crisma é também usado na realização do sacramento da Ordem, quando um diácono se torna padre; suas mãos são ungidas para que possam, pelo poder do Espírito Santo e imposição de suas mãos sacerdotais, transformar as espécies do pão e do vinho no Corpo e Sangue de Cristo. Quando um padre é escolhido para bispo, na sua sagração, novamente esse óleo do crisma será agora, derramado sobre sua cabeça, ungindo-o para o episcopado.
Como vimos, pelo uso dos santos óleos, os sacramentos citados têm intima ligação com a Páscoa. Mesmo aqueles que não usam dos óleos sagrados, também unem-se intimamente à Páscoa, à ressurreição de Cristo, pois todos, nos conduzem à promessa de ressurreição assegurada por Ele.
A segunda missa, a missa vespertina, quando Jesus na última ceia nos transmitiu o mistério da Eucaristia, também instituiu o sacerdócio cristão. Essa missa nos transmite uma verdadeira catequese sobre o sacerdócio ministerial, assim como o sacerdócio geral dos fiéis recebido pelo Batismo, pois, “Jesus Cristo fez de nós um reino de sacerdotes para Deus Pai”, é o que nos diz a antífona da entrada. Há um único sacerdócio: o de Jesus Cristo, o sacerdócio ministerial e o geral dos fiéis é participação nesse único sacerdócio de Cristo. Ele é o nosso Mediador e Sumo-Sacerdote. O profeta Isaias (Is 63,1-3.6.8-9) e o evangelista Lucas (Lc 4,16-21) referem-se a esse sacerdócio de Jesus: “O Espírito do Senhor repousa sobre mim, porque ele me ungiu”. Nesta missa há a renovação das promessas sacerdotais, pois os padres, mediante o sacramento da Ordem, participam de modo único do sacerdócio de Cristo. A eles é conferido o poder de remir os pecados, transformar pão e vinho do Corpo e Sangue do Senhor. São de modo especial, administradores dos sacramentos, mestres e pastores da Igreja. Eles são escolhidos por Deus para irem à frente do povo exercendo a caridade, alimentando-os com a Palavra de Deus e restaurando-os com os sacramentos. Por isso, devemos constantemente, orar ao Pai pelos nossos padres, pois não é fácil para eles viverem sob as exigências de sua vocação. Nossa oração e nosso apoio são, portanto, fundamentais.
A missa vespertina da Ceia do Senhor dá início ao Tríduo Pascal. Tríduo nos passa a idéia de preparação. É, portanto, a preparação para a festa da Páscoa, da Ressurreição, da vida nova! Nestes três dias mais sagrados, a partir da Quinta-feira Santa, celebramos e meditamos a crucificação, sepultamento e ressurreição de Cristo. São dias em que refletimos tanto o lado sombrio como o lado radiante do mistério salvífico de Cristo.
Jesus, na última ceia, disse aos apóstolos: “Vós vos entristecereis, mas a vossa tristeza se transformará em alegria” (Jo 16, 20). Jesus refere-se aqui à tristeza da perda do Mestre, à tristeza de presenciar os sofrimentos impostos a Cristo durante seu julgamento e condenação à morte. O apóstolo João, aquele que Jesus amava, vivenciou de perto, junto de Maria Santíssima esse sofrimento. Uma mulher em trabalho de parto, nos expressa muito bem o sofrimento a que Jesus se refere no versículo citado: as dores do parto geram profundo sofrimento, mas depois, essas mesmas dores geram a alegria por um novo ser humano ter nascido! “Se o grão de trigo cai na terra e não morre, permanece apenas um simples grão; mas se morre, produz abundante colheita” (Jo 12,24).
O sofrimento em si mesmo não é bom. Mas o sofrimento, sob o ponto de vista cristão, é positivo. Cristo na cruz verdadeiramente sofreu, mas seu sofrimento não foi em vão, foi um sofrimento redentor que libertou toda a humanidade das amarras do pecado e da morte. Nosso caminhar deve ser iluminado pelos ensinamentos de Cristo e também pelos seus exemplos de caridade e fraternidade. Cristo nos ensina que a vida substituiu a morte. Que a cruz é o caminho da ressurreição.
No Tríduo Pascal, celebramos e meditamos o modelo e programa ensinado por Cristo que nós, batizados devemos seguir em nossas próprias vidas.

Texto de: http://www.koinonialivros.com.br/
Imagens de: http://www.catedraldocarmo.org.br/ e www.diesdomini.blogspot.com

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