quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Atirar pedras

"Irrita-me solenemente o discurso de alguns cristãos acerca da Igreja. (...) [Dizem] 'ela, a Igreja, é culpada disto e daquilo', 'ela, a Igreja, deveria fazer assim, proceder de tal modo' 'ela, a Igreja, não foi corajosa nesta ocasião, foi cobarde ou criminosa naquela', 'ela, a Igreja...'. Mas que raça de cristãos são esses que falam de fora, atiram pedras de fora? Afinal, a Igreja são os outros? Não somos todos membros do mesmo Corpo? Não somos, porque baptizados, ramos da mesma Videira?
Porquê dizer 'ela, a Igreja' e não dizer antes: 'nós'? Sim, nós. Tu, meu irmão, eu, cada um dos cristãos. Quando se ama a Igreja como Mãe, quando nos sentimos a fazer parte do mesmo Corpo, não atiramos pedras como quem está de fora, mas dói-nos a alma, o coração, ao sentir os erros, os fracassos, os males da Mãe Igreja. (...)
Em vez de atirar pedras de fora, devíamos antes perguntar-nos: que faço eu, concretamente, para que a Igreja seja melhor, tenha um rosto diferente? É tão necessário saber ver-se ao espelho, antes de atirar pedras aos outros, à Igreja, Mãe e Mestra... O verdadeiro cristão procura colaborar, fazer Igreja, construir Templo. (...) O verdadeiro cristão, antes de atirar pedras, sabe desinstalar-se, arregaçar as mangas, disponibilizar-se para ajudar, servir, construir algo de bom, novo, positivo; sabe sair do seu comodismo, perder um bom programa de T.V., para participar numa reunião, colaborar num projecto da paróquia ou da diocese, sabe escutar os apelos do seu pároco, do seu bispo e, em dedicação dar-se com generosidade. Não atiremos pedras, não vá alguma cair-nos em cima..."
(PEDROSO, Dário - Notas do meu diário. Braga: Editorial A.O., 1993)

Texto enviado por Gilberto Garrido

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