sábado, 15 de novembro de 2008

“Maioria quer ficar por aqui”

Cumprindo uma tradição que já trouxe a Caracas diversas personalidades da vida pública em Portugal, o CORREIO da Venezuela convidou o presidente da Câmara Municipal da Calheta (Madeira) a associar-se ao nono aniversário do nosso jornal.Após os primeiros dias na Venezuela, em Barquisimeto e outras localidades do estado Carabobo, esteve em contacto com a importante comunidade oriunda do maior município da Madeira. Uma vivência que já lhe permite tecer as primeiras conclusões sobre o que tem encontrado neste país.

"Acima de tudo encontrei uma Comunidade receptiva a todos os níveis, mas sobretudo na forma de receber e como nos receberam", começou por referir o autarca madeirense. "Desde a chegada ao aeroporto de Caracas, até Barquisimeto onde encontrámos um vasto grupo de conterrâneos, temos beneficiado de grande entusiasmo e carinho pela nossa presença em terras de Venezuela."

Baeta confessa ter encontrado um país "que me parece viver com alguma apreensão, por um lado, mas também com alguma esperança por outro". Duas formas de encarar o futuro que não parecem afectar a boa integração da vasta comunidade portuguesa: "Sinceramente parece-me que os portugueses estão bem enquadrados e inseridos neste País. Sentem-se como fazendo parte integral da população", constata. Segundo o presidente da Câmara Municipal da Calheta, para além do momento de expectativa que se vive actualmente na Venezuela, "sente-se em geral, mas os portugueses em particular, que as pessoas não se mostram receosas com o modo e estilo de vida que a Venezuela lhes está neste momento a proporcionar." A explicação: "Têm aqui os seus bens, conquistados com a força do seu trabalho e empenho. Têm a sua família, filhos, netos e alguns já bisnetos que os fazem manter-se ligados a este País."

Como principal responsável político do maior município da Madeira, o autarca caracteriza a comunidade deste concelho que se radicou na Venezuela. Nota-os pouco informados sobre a vida na Madeira. "Retirando aqueles que visitam com assiduidade a nossa Ilha, verifico que uma grande parte das pessoas do nosso concelho aqui residentes e com quem já contactei, não tem ideia do desenvolvimento imprimido nos últimos anos na Madeira e sobretudo na Calheta". Por essa razão, considera "muito importante" que iniciativas como esta, de visitas e contactos periódicos com os nossos conterrâneos, sejam sempre de concretizar. Numa nota final, Manuel Baeta nota que, pelo que lhe tem sido dado observar, as pessoas têm noção da grave crise financeira que se abateu sobre a Europa, sem excluir Portugal e a Madeira.

"Sabem da dificuldade de emprego, das dificuldades das empresas e por isso preferem manter-se pela terra onde, dum modo geral, criaram algum património, criaram os seus filhos e onde mantêm a sua família.".

Texto de: Aurélio Antunes (Correio da Venezuela): aurelioantunes@gmail.com

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