“A Melle. Josefinne Müler
(1ª vedeta do «Casino de Paris» - em Montmartre)
Chére Josefinne:
Uma noite, em 1947, no «Casino de Paris», num dos intervalos da vossa famosa revista «Paris 1910», precisamente quando você acabava de cantar, com êxito, »L avie en rose» - a famosa canção que depois correu o mundo -, você quis saber, em dada altura, de onde era eu natural.
Respondi-lhe: - sou da Ponta do Pargo.
Você começou a silabar em vão, Pago, Pago … como que a tentar a recordar-se.
Ao vê-la hesitante, mostrei-me logo espantando que ela, artista internacional de cartaz, viajada pelas sete partilhas do mundo, não conhecesse a Ponta do Pargo!
Você continuava esforçando-se por se lembrar e exibia já o ar comprometido da sua ignorância …
Foi então que, de repente, a sua fisionomia se iluminou, sorriu e exclamou triunfalmente:
- Já sei! Ilha de Pago, Pago, no oceano pacífico!
- Evidentment!... – confirmei, para finalisar, por ali, a brincadeira.
Pois, hoje, velho retificar a minha blague.
A Ponta do Pargo – minha querida amiga – é apenas uma modesta mas pitoresca freguesia da famosa Ilha da Madeira – a pérola do atlântico.
A Crónica que segue descreve-lhe, muito pobremente, por certo, a pequena terreola que você, confusamente – com aquela desenvoltura natural com que vocês, as mulheres, costumam resolver todas as dificuldades – atirou com o gesto mais convincente, para a imensidão do oceano pacífico …
Creia-me sempre, seu, tout court
C. P”.
In, A Madeira, Cultura e Paisagem de César A. Pestana 1985, pag. 129 e 130
Sem comentários:
Enviar um comentário